segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Perfomance Literária Ver-o-Peso

Fugindo um pouco dos post do blog, decidi postar as fotos da apresentação da perfomance literária realizada pelas crianças da Escola Sílvio Nascimento (uma das escolas em que trabalho). Como trabalho na biblioteca da escola, realizo um trabalho de incentivo à leitura e, desde junho, estivemos trabalhando no Projeto "Vem ver o peso de minha gente". 
Na última sexta-feira (29), levamos os alunos para apresentar no "Lendo e relendo as bibliotecas escolares" uma perfomance literária baseada na música de Lucinha Lins "Pregões" e o poema de Max Martins "Ver-o-Peso.
Mas, até chegar nesta culminância houve muito trabalho: pesquisa da vida e obra dos escritores paraenses, produção de textos e desenhos, painéis, teatro, música e dança. 
O que motivou este projeto, primeiramente, foi dar continuidade ao trabalho iniciado no ano de 2012 que tinha como tema central a cidade de Belém. Este projeto iniciou com a leitura do livro "Belém, cidade das mangueiras", de Ítalo Di Paolo, seguido de uma excursão ao centro histórico de Belém e terminou com a produção de um livro com textos redigidos pelas crianças.  
Mas ... vamos às fotos:

sábado, 28 de setembro de 2013

Redação nota 10: A linguagem na redação -1ª parte

A linguagem do texto dissertativo deve ser clara e objetiva; deve ser a mais sóbria possível e obedecer à norma culta. Veja os exemplos:
"Segundo Richard Lynn, os EUA não deveriam está entre uma das maiores potências." (estar)
"Portanto, caso seu filho não queira estudar não o dê mesada e o ponha para estudar." (lhe)
"Lógico que comprar não tem só o lado negativo, pois é o que faz girar a economia do país, e sem a mesma não desenvolve."
"A ONG chamada de No Drugs, ela vem há alguns anos trabalhando em cima desta causa."
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O respeito à correção não significa que se deva escrever “difícil”. É possível conciliar certo grau de formalidade com palavras de fácil alcance para o leitor. Quem pensa o contrário, pretendendo ser original, pode cair no preciosismo e como resultado terá a obscuridade da expressão.
Ex. A relação do povo com seus representantes sociais possibilita uma visibilidade na interface positiva ou negativa dos acontecimentos sociais das gestões públicas dos serviços do Estado.
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Deve-se também evitar a gíria, o lugar-comum e as expressões por demais familiares. O lugar-comum indica pobreza vocabular e torna o discurso previsível. Tende a apagar a personalidade do autor, que se limita a repetir um repertório pré-fabricado de palavras. O que porventura existe de aproveitável nas ideias se desfaz diante de formulações cristalizadas que pertencem a “todo mundo”. Já as expressões familiares devem ser evitadas porque conferem à dissertação um tom demasiadamente informal
Ex. De um jeito ou de outro, o bicho do consumismo vai nos pegar.
Muitas pessoas preferem colocar a ambição acima de tudo e correr atrás de seus prejuízos.

Bem. Sempre fui meio pé atrás com    os evolucionistas.
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sábado, 21 de setembro de 2013

Redação nota 10 - 4ª parte

O que anula uma redação?
-Fugir do tema estabelecido pela prova pode invalidar o texto. Por exemplo, a proposta solicita uma dissertação sobre o trabalho infantil, mas a redação trata de menores abandonados
-Desrespeito à modalidade e ao gênero pedidos na proposta. De nada adianta escrever um texto impecável do ponto de vista gramatical, se ele não atende ao tipo de texto solicitado;
-Escrever a mais ou menos do número solicitado pela proposta;
-Assinar ou identificar a redação.

Citar ou não a coletânea:
-Os textos da coletânea servem principalmente para inspirar o candidato a mobilizar seus conhecimentos. Se a proposta não proibir e o candidato achar relevante citar partes dos textos fornecidos para sustentar seu ponto de vista, pode usá-los, mas não pode esquecer de citar a fonte (não vale dizer “de acordo com a coletânea...”), mesmo quando parafraseada, se citar textualmente, deve escrever entre aspas;
-Não pode reproduzir textos ou partes deles, apenas estabelecer pontos de contatos com eles;
-Fazer referência aos textos da coletânea é importante.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Redação nota 10: 3ª parte

Como elaborar a redação
 A melhor forma de abordar um tema é, inicialmente, após uma breve introdução, estabelecer o ponto de vista a ser defendido no desenvolvimento, ou seja, formular sua tese. Em seguida, relacionar os argumentos que embasarão a defesa do ponto de vista assumido, os quais deverão constituir os parágrafos do texto. Após a apresentação dos argumentos, o candidato deve redigir a conclusão, retomando o ponto de vista proposto na introdução e relacionando-o aos argumentos apresentados, para assim, encerrar o texto.

O que fazer na hora “H”?
-O avaliador deve ser surpreendido pela qualidade e pela originalidade de seu texto. Pegos de surpresas, os candidatos costumam só se lembrar das informações mais divulgadas, das opiniões mais comuns. Para se destacar, proponha um ponto de vista original, aborde um aspecto intrigante, diferente dos demais.
-Procure fazer um texto claro, explícito e organizado.
-Cuide da consistência dos argumentos e procure articulá-los de maneira lógica, com um raciocínio que não exija grande esforço do leitor para compreendê-lo.          

O que caracteriza uma redação nota 10?
-O candidato que mostra uma boa capacidade de pensar e de se expressar adequadamente por escrito será bem sucedido. Um bom desenvolvimento das tarefas propostas, um uso produtivo dos textos fornecidos pela prova, um trabalho adequado com o gênero solicitado e a adequação às normas do português padrão são os fundamentos de uma boa redação.  (Meirélen Salviano)

-Apresentar uma discussão clara e coerente do tema proposto, por meio de argumentos sólidos, além de atender a todos os itens da proposta, como o uso ou não de título, a modalidade textual (narração, descrição ou dissertação), o gênero (carta, crônica, conto, artigo, email, discurso), o uso da língua culta ou outra estabelecida pela proposta. (Mauro Dunder)

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Redação nota 10: 2ª parte - Cuidado com as opiniões

O candidato deve ficar atento para evitar assumir posições radicais e intolerantes sob pena de trafegar na contramão da história da civilização. A intolerância não é bem vista pelos avaliadores.
De acordo com Chico Viana (Revista Língua Portuguesa, No topo do texto, ed. nº 6), quando o candidato assume um tom ressentido ou intolerante, o emissor deixa de lado a objetividade.
Ex. “É certo ser individualista até certo ponto, pois o mundo é assim. Se uma pessoa não for desse jeito, só pensar no bem estar alheio, é em tudo caracterizado pela doença chamada altruísmo.

Para o professor Wander Emediato de Souza, prof. da Faculdade de letras da UFMG, os limites da opinião em uma redação são o bom-senso e a racionalidade. A opinião é importante quando goza de legitimidade em algum segmento social, pois ela precisa ter validade para ter valor de argumento. Opiniões são racionais, não basta mostrar-se indignado para expressá-las. A expressão de emoções não significa ter opinião, ao contrário, pode significara não ter nenhuma.
Ex. Ninguém é perfeito, e perfeição demais deve ser um saco. A linguagem é o instrumento fundamental numa relação, seja oral ou escrita, por isso você não vai querer uma pessoa que diga somente besteira, para aturar durante anos.

A argumentação
Para o prof. Wander, é importante argumentar respaldado em fatos, em verdades estabelecidas, em probabilidades  estatísticas, ilustrações, analogias, etc. Também é importante que, ao emitir opiniões, elas sejam atribuídas a um saber comum, partilhado e legitimado socialmente. A opinião não deve ser atribuída unicamente a si mesmo. A argumentação torna-se mais crível ao atribuir à opinião um grau de impessoalidade (“Pensa-se que..., “sabe-se que ...”, “estima-se que ...”.

Isso diz respeito ao fenômeno da “modalização”. Modalizar o discurso significa concordar seus níveis de investimentos subjetivos, ou seja, pode-se emitir uma opinião, assumir um posicionamento e, e ao mesmo tempo apresentar-se “neutro” e “imparcial” no discurso.

domingo, 15 de setembro de 2013

Enem: redação nota 10 - 1ª parte

Está chegando o dia da prova do Enem. Pressões de todos os lados: família, escola, amigos e a sociedade, de modo geral. Mas, não se desespere, o importante é que você esteja calmo e preparado para esse momento. Para isso, é fundamental a informação. Esteja "ligado" em tudo que está acontecendo no mundo. Leia bastante: revistas, jornais e textos literários, mas faça uma leitura crítica, não leia apenas por ler. Tudo isso vai lhe dar embasamento para a hora da redação. Mas não esqueça que a redação requer prática, então, leia, escreva, leia, reescreva e, assim você vai se preparando para um dos momentos mais temidos pelos estudantes: a hora da redação!
A partir de hoje, estarei postando algumas dicas que irão ajudar a tirar algumas dúvidas. Faça bom proveito delas:

1. O que é uma dissertação argumentativa?
A Dissertação é um tipo de texto opinativo no qual o escritor defende um ponto de vista com o uso de argumentos. Na Dissertação argumentativa, o intuito é convencer o leitor, persuadi-lo a concordar com a ideia ou ponto de vista exposto, isso se faz através de várias maneiras de argumentação, utilizando-se de dados, estatísticas, provas, exemplos, etc.
Sendo assim, o domínio do tema é fundamental para um bom discurso. Para isso, é imprescindível que o candidato leia bastante. Deve estar atualizado com o que acontece no mundo, no seu país, no seu estado. Leia jornais, revistas, assista noticiários, busque informações. Nenhuma técnica de redação será suficiente se você não dominar o tema em pauta. Essa é a primeira dica.
Dissertar é tomar uma posição diante da realidade, a partir de um tema proposto. Tomar a realidade – em alguns desses aspectos – como problema e questioná-la, desenvolvendo uma análise crítica que revela e ilumina nosso pensamento e nossa posição diante do mundo questionado.

2. Objetivo da redação no vestibular:
Segundo Adriana Natali (Revista Língua Portuguesa Especial, edição 6), avaliar as competências linguísticas na modalidade escrita em registro formal, de acordo com a norma padrão da língua portuguesa, e, sobretudo, mensurar a capacidade de um candidato a um curso universitário de defender seu ponto de vista e propor uma solução para o problema incluso no tema.
Ao avaliar a expressão escrita do candidato espera-se que o vestibulando não só  identifique e desenvolva o tema de acordo com o comando proposto, mas também demonstre capacidade de organizar as ideias, estabelecer relações, fazer uso de dados/ informações, elaborar argumentos.

3. O que fazer na hora da prova de redação?
O vestibulando deve respeitar as regras do jogo, que são públicas, iguais para todos, e explicitadas no edital, no guia ou manual do candidato e na proposta de redação. Só deve correr riscos calculados.
O avaliador não opera com a imagem empírica do candidato, não tem acesso àquilo que o candidato sabe ou mas esqueceu na hora da prova, nem àquilo que ele pensou ou sentiu mas deixou de escrever. Assim, o conselho mais sábio para o estudante que quer ter um bom desempenho na redação é ler com atenção os critérios estabelecidos no edital e procurar cumpri-los na hora da prova. (Maria da Graça Costa Val, profa. da Faculdade de Letras e pesquisadora de Ceale na UFMG).

sábado, 7 de setembro de 2013

O carro dos milagres, de Benedicto Monteiro

O Livro O Carro dos Milagres, de Benedicto Wilfred Monteiro (1924-2008) é uma coletânea de narrativas publicada em 1975, durante os Anos de chumbo (Ditadura Militar), de censura à cultura escrita. Premiada pela Academia Paraense de Letras, a presente coletânea contêm relatos de um caboclo que vem da brenha das matas amazônicas contar suas histórias, memórias, culturas e saberes. Das sete narrativas, é importante enfocar aquela que contém o mesmo título do livro: O Carro dos Milagres. 
Ainda que inserida num livro de contos, a primeira narrativa – O Carro dos Milagres – enquadra-se na categoria de novela, porque o enredo dela não trata de um único assunto, mas sim de vários e com muitos personagens; além disso, cabe-lhe o patamar de novel pelo fato de ter menor extensão do que o romance. 
Todavia, não é interesse trabalhar o aspecto do subgênero narrativo, mas sim tratar do conteúdo e da estrutura narrativa da referida obra. A novela O Carro dos Milagres apresenta a experiência do caboclo Miguel dos Santos Prazeres (embora esse nome não apareça nesse texto, pode-se dizer que ele é subentendido de acordo com o conjunto da coletânea) no Círio de Nazaré em Belém/PA. Primeiramente, nota-se o diálogo entre dois caboclos (Personagem-narrador e o Compadre) que vieram acompanhar o Círio, sendo que Miguel tem o interesse de pagar uma promessa que a sua mãe fez a Nossa Senhora de Nazaré do Retiro (ou do Desterro) quando o rapaz encontrava-se em situação de perigo com sua canoa nas águas do Marajó. A mãe velha prometera a Santa que se seu filho fosse resguardo do temporal ele haveria de levar um barco a vela de miriti durante a procissão. O personagem-narrador (Miguel) descreve, de forma maravilhosa, os detalhes da procissão que está assistindo pela primeira vez, volta-se ao passado de suas lembranças para contar suas sagas de canoeiro no Igarapé da Mata do Catauari com o Compadre, um amigo que o acompanha no Círio e numa beberagem com cachaça de Abaeté, enquanto aguardam no nascer do dia a saída do Círio no Largo da Sé (atual Praça Dom Frei Caetano Brandão). 
Depois de muitos goles de bebida, os dois caboclos resolvem segui a procissão, sendo que Miguel tinha o objetivo de achar o Carro dos Milagres e depositar a sua promessa (o barco a vela). Miguel avista o Carro, descreve a lenda portuguesa contida na iconografia do Carro (o milagre de Nossa Senhora de Nazaré a Dom Fuas Roupinho no século XII). Mas o caboclo encontra inúmeras dificuldades para pagar sua promessa: primeiro perde o companheiro de cachaça, o compadre; depois esbarra com o barquinho num balão de gás que dispersa a promessa no meio dos romeiros. Miguel, bêbedo e perdido na multidão, acaba chegando a Basílica-Santuário de Nazaré. 
Ali o caboclo fica maravilhado com as impressões artísticas da Igreja e nela se deixa estar até as altas da madrugada. Ao chegar na garagem, Miguel, com uma vela na mão, encontrar o Carro dos Milagres e se detém olhando as promessas contidas na barca. E é exatamente aí a história se complica: O rapaz é surpreendido por beatas que, maliciosamente, o acusam de incendiário e de ladrão. Já raia um novo dia e elas chamam o padre e a polícia para deter o suposto meliante. 
O caboclo é levado preso para a delegacia e ali descreve a presença dos detentos de vários lugares do país e do exterior e as minúcias horríveis daquele cárcere. Depois, avista outro Compadre, viciado em soltar balões de gás, que faz procuração por seu filho perdido e possivelmente morto na procissão. Miguel observa e relata o equivoco sobre a morte do filho desse Companheiro, achavam que o filho era um rapaz que morreu na explosão de um compressor de balão que estourou na procissão. Mas, logo é resolvida essa história quando encontra o filho do Companheiro que ficou bebendo quando seu pai lhe ordenara comprar tais balões coloridos, os mesmos que foram descuidados e soltos pelo filho, os mesmo que levaram a promessa do Miguel, o qual desfecha a história prestando depoimento à polícia. 

Estrutura da Narrativa 
Personagens principais: 
Narrador (com o nome subentendido “Miguel dos Santos Prazeres”) – é redondo/complexo/antagônico; 
• Compadre “de cachaça” – redondo/complexo; 
• Compadre “que perdeu o filho” – linear/plano. 

 Secundários: 
• Mãe velha (genitora do narrador) – linear/ plana; 
• Beatas – redondas/complexas; 
• Comissário (policial) – linear/plano; 
• Comadre (que perdeu o filho) – linear/plana; 
• Filho (dos Compadres) – redondo/complexo 

 Tempo 
• Tempo cronológico – dois dias seguidos, desde a madrugada do Círio até à tarde do dia seguinte: “três horas da tarde”; 
• Tempo histórico – o milagre de Nossa Senhora de Nazaré a Dom Fuas Roupinho no século XII; 
• Tempo psicológico – feed back: lembrança do naufrágio do barco, das sagas pelos igarapés como o compadre “de cachaça”. 

Espaço 
• Espaço físico: Largo da Sé (atual praça Dom Frei Caetano Brandão), catedral da Sé bairro da Cidade Velha, ruas do cortejo do círio, Largo de Nazaré (atual Praça Santuário), Basílica-Santuário de Nazaré, sacristia e garagem da Basílica, cadeia. 
• Espaço psicológico: Baía do Marajó, Igarapé das Matas do Catauari. 

Ambientação: Contexto social, histórico, religioso, familiar. 

Enredo: Linear e a-linear (intercalado com memórias, feed backs) 

Foco-narrativo: Narrador em primeira pessoa 

Discurso: Direto e indireto livre 

Clímax: Reencontro do filho (dos compadres) embriagado, o qual diziam que estava morto e o mesmo que soltou os balões coloridos que se engataram na promessa do Miguel. É incrível como este livro constitui-se em pura oralidade impressa! 
A narrativa flui a partir de um diálogo entre compadres, em que o narrador é um romeiro que veio ao Círio pagar uma promessa feita à Virgem em favor de seu barco que sofrera um naufrágio. 
Para quem ainda não sabe, o carro dos milagres é um dos carros alegóricos que compõem a grande procissão do 2º domingo de outubro em Belém, onde os romeiros e promesseiros depositam seus ex-votos à Virgem de Nazaré: réplicas de casas, de partes do corpo humano em cera ou – como o personagem de Benedicto Monteiro – de embarcações salvas de um naufrágio. 
Este carro foi introduzido na procissão em 1805, por determinação de D. Maria I, rainha de Portugal, para lembrar o primeiro milagre de N. Sra. de Nazaré, que salvou Dom Fuas Roupinho de se precipitar num abismo. 
A inspiração de Benedicto Monteiro vem desse mote lendário de raízes lusitanas. Assim ele cria, em cenário ímpar de manifestação sócio-religiosa popular, um narrar onde as possibilidades de coexistência entre o lírico, o épico e o dramático induzem o leitor a uma leitura tão contemplativa quanto a dos clássicos da literatura aqui mencionados.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Texto, contexto e intertextualidade


1. Texto
Segundo o dicionário Larousse (2007), texto é o conjunto coerente e coeso de ideias, é a palavra ou conjunto de palavras que transmite uma mensagem, que tem a intenção de comunicar algo.
Texto é, também, uma manifestação linguística produzida por alguém, em alguma situação concreta (contexto), com determinada intenção.
Ex: Fogo!
       É um exemplo de texto porque:
- Manifestação linguística: a pessoa gritando;
-Situação concreta: o edifício pegando fogo;
-Intenção: avisar outras pessoas do perigo e conseguir socorro.
            Outro aspecto importante é que a situação de produção de um texto sempre supõe a existência de um interlocutor a quem ele se dirige.
      Interlocutor de um texto é o leitor a quem ele se dirige preferencialmente.

2. Contexto    
Outro aspecto necessário para compreender e interpretar bem um texto é o contexto no qual ele está inserido.
Contexto é a situação concreta a que o texto se refere, logo todo texto tem um contexto.  Há diferentes tipos de contextos (social, político, cultural, estético, esportivo, educacional, histórico ...) e sua identificação é fundamental para que se possa compreender bem o texto, mas essa identificação vai depender do conhecimento sobre o que está sendo abordado e as conclusões referentes ao texto. 
Em determinados textos a informação sobre acontecimentos passados contribui para sua compreensão. Por isso, quanto mais variado o campo de conhecimento, mais facilidade encontrará o leitor para ler e interpretar, pois muitas vezes é a falta de informação que impede a compreensão de determinados textos.Observe:



a) A que contexto se refere a imagem e a que situação específica refere-se? Explique.
b) Qual a intenção comunicativa do autor deste texto?

Outro exemplo: “Eles vão te pegar na esquina”
Dependendo do contexto, essa frase pode adquirir várias interpretações: de ameaça (possíveis assaltantes que esperam por vítimas na esquina); de cuidado (buscar/apanhar alguém na esquina) ou em uma outra situação pode ser um jornal que chama atenção do leitor  para as pessoas que escrevem no jornal ou até mesmo para os jornaleiros vendem os jornais nas esquinas, nesse contexto “pegar”, não significa atacar ou buscar alguém, mas sim capturar a atenção do leitor, que, interessado pelos textos escritos decide comprar esse jornal.

3. Intertexto: é a relação que se estabelece entre dois textos, quando um faz referência a elementos existentes no outro. Esses elementos podem dizer respeito ao conteúdo e à forma.. A intertextualidade pode ocorrer em textos escritos, músicas, pinturas, filmes, novelas, etc. Veja nos exemplos abaixo como Murilo Mendes (sec. XX) faz referência ao texto de Gonçalves Dias (sec. XIX): 

Canção do Exílio
"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá."

Gonçalves Dias

Canção do Exílio
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza. 
Os poetas da minha terra 
são pretos que vivem em torres de ametista, 
os sargentos do exército são monistas, cubistas, 
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
gente não pode dormir 
com os oradores e os pernilongos. 
Os sururus em família têm por testemunha a 
                                                      [ Gioconda 
Eu morro sufocado 
em terra estrangeira. 
Nossas flores são mais bonitas 
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia. 

Ai quem me dera chupar uma carambola de 
                                        [ verdade 
e ouvir um sabiá com certidão de idade! 
Murilo Mendes

Nota-se que há correspondência entre os dois textos. A paródia-piadista de Murilo Mendes é um exemplo de intertextualidade, uma vez que seu texto foi criado tomando como ponto de partida o texto de Gonçalves Dias.
Na literatura, e até mesmo nas artes, a intertextualidade é persistente. Sabemos que todo texto, seja ele literário ou não, é oriundo de outro, seja direta ou indiretamente. Qualquer texto que se refere a assuntos abordados em outros textos são exemplos de intertextualização. A intertextualidade está presente também em outras áreas, como na pintura, veja as várias versões da famosa pintura de Leonardo da Vinci, Mona Lisa:


E para finalizar a aula, assista a esse vídeo sobre intertextualidade:

segunda-feira, 18 de março de 2013

Paródia da Canção do Exílio

Produção realizada pelos alunos do EJA, ensino Médio, Escola São Geraldo, da turma C. A proposta foi a produção de uma paródia do poema de Gonçalves Dias "Canção do Exílio" com o tema "Minha terra".

Maria  Riciene  N.  Santos  e   Janeth Lúcia
Minha rua tem crianças
Onde vivem a mendigar,
As pessoas que aqui passam 
Não conseguem nem olhar.

Nosso país tem coisas feias
Violência e corrupção,
Muitas crianças usam drogas
E marginais, prostituição.

Em casa, sozinha à noite,
Sempre fico a pensar,
Nesse mundo em que vivemos
Como tudo vai acabar?

Minha cidade não tem primores
Pois não vejo por onde está,
Por onde andam os governantes
Que não querem mais ajudar,
Nesse mundo em que vivemos,
Como tudo vai se acabar?

Não permita Deus que eu morra,
Sem que algo possa mudar,
Para que muitos possam ver
O nosso país brilhar,
Sei que tudo pode dar certo
Ou tudo vai se acabar.
                                                                                         
Selma
Meu Pará tem palmeiras
Onde os pássaros pousam pra cantar
As aves que aqui gorjeiam
Gorjeiam pra me acordar.

O céu do Pará é estrelado
Nossas várzeas também têm flora
Olhando nossos bosques, vejo vida,
E nessas vidas, muito amor.

Em cismar, sozinha à noite,
Mais prazer encontro no Pará,
Minha terra tem palmeiras
Onde os pássaros pousam pra cantar.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro em outro lugar,
Minha tem palmeiras
Onde pássaros vêm cantar.

Não permita Deus que eu morra
Sem que eu desfrute
A beleza do meu Pará.

Vanderleia
Minha terra tem muralhas
Que não posso derrubar
Mesmo querendo, 
 Não posso transformar.

Pego pedras para poder
Fazer o que quero pensar,
Mesmo quando penso
Não posso me expressar.

Ás vezes fabrico pedras
Em cima de outras pedras
Que muitas vezes, não posso quebrar.

O que seria das muralhas
E das  pedras, se não tivesse o pensar.

José Augusto Botelho
Minha terra tem um time
Que eu torço sem parar,
As cores azul e branco
O orgulho do Pará.

Nosso escudo tem estrelas
Nossas estrelas, um triunfo,
Nossos títulos conquistados
Nossos títulos do passados. 

Em cima do rival azul
Mais prazer encontro eu lá,
Minha vitória é certa
Do rival eu vou ganhar.

Minha terra tem histórias
Que não encontro em outro lugar,
Em cima do rival azulino
Não me canso de ganhar
De meus troféus tenho orgulho
Quando acabo de ganhar.

Não permita Deus que eu morra
Sem que eu vá pra série "A"
Sem que desfrute das vitórias,
E que não pare de ganhar,
Que eu vá pra libertadores
Onde o rival só faz babar!

Lígia Silva Dias
Minha terra tem problemas
Nada fáceis de solucionar,
Tem doenças nas pessoas
E as pragas no pomar.

É fumaça e queimada,
Que nem as estrelas
Eu posso enxergar.

Como pode, meu Deus do céu
O homem esta vida levar?
Sem fé e sem esperança
Como é que vamos ficar?

A vontade de ver novamente
O verde das palmeiras
E o canto do sabiá
Me dão a certeza
De que uma nova era vai chegar.

Onde tudo serão como flores a brotar
Não haverá mais guerras, violência e drogas
E tudo mais o que nos faz chorar,

A alegria voltará!

Eliane Pereira Tavares
Meu lugar tem mais verde
Que muitos querem desmatar,
Viver aqui é um paraíso
Só que muitos não sabem valorizar.

Nosso clima é surpreendente,
Nosso verde é abundante,
A chuva é maravilhosa,
E o lugar é aconchegante.

Meu lugar tem mais mangueiras
Que todos ficam a admirar
Viver aqui é muito bom
Oh, minha terra querida!

Do meu lugar tenho orgulho
Onde nasci e cresci,
Sou brasileira com orgulho
Sou feliz de viver aqui.

Célia Monteiro
Minha tem açaí
Que todos podem encontrar,
Até as aves gostam
Do sabor que ele dá.

Nosso céu é mais azul
Nossas mangueiras tem mais flores,
Nosso norte tem mais vida
Nossas vidas mais amores.

Quando ando pela noite
E nas praças vou passear,
Nosso norte tem mais vida
Só aqui podes encontrar.

Minha terra tem mais praias
Que só aqui posso encontrar,
Quando ando pela noite
Que prazer ela me dá.

Breno Lobato e Samara Cristina
Minha terra tem o brega
Que faz o povo dançar
Super pop, o Águia de fogo
Faz a galera endoidar.

Nossas festas tem mais gente
Só pra ouvir a batida que vai tocar,
E no meio da festa
O DJ começa a metralhar.

Nos fins de semana, à noite,
Todos vão pra kms dançar,
Com o Super Pop, o Águia de fogo
Todos fazem o "S" sem parar.

Na minha terra tem uma dança muito louca
Que todos gostam de dançar,
Na sexta, à noite, já começa
O Águia de fogo já vai tocar
Na nossa festa tem o treme-treme
E cerveja no balde pra tomar.

Não permita Deus que falte energia
Se não a aparelhagem não vai tocar,
A nave não vai subir,
A cervela vai esquentar,
A galera vai parar de dançar
E a festa vai ter que acabar.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Colocação dos pronomes átonos


Os pronomes oblíquos átonos (o, a, os, as, lhe, lhes, me, te, se, nos, vos) costumam apresentar problemas de colocação, uma vez que podem ocupar três posições:
1.      Antes do verbo: próclise
Ex: Nunca me revelaram os verdadeiros motivos.
2.      Depois do verbo: ênclise
Ex: Revelaram-me os verdadeiros motivos.
3.      No meio do verbo: mesóclise
Ex: Revelar-me-iam os verdadeiros motivos. 
Uso da Próclise
A próclise é obrigatória quando houver palavra que atraia o pronome para antes do verbo. As palavras que atraem o pronome são:
·   Palavras ou expressões de sentido negativo
   Nunca me  falaram deste lugar.
   Ninguém me trouxe a redação que pedi que fizessem.
   Dinheiro algum nos traz felicidade.
·   Os advérbios
   Ontem o encontrei falando sozinho.
   Sempre lhe perguntam se gostaria de casar-se com um estrangeiro.
Obs: se houver vírgula depois do advérbio, ele deixa de atrair o pronome.
Ex: Ontem, encontrei-o falando sozinho.
      Aqui, trabalha-se.
·   Pronomes indefinidos, demonstrativos e relativos
   Alguém me chamou?
   Todos nos disseram que viriam à festa.
   Isso me parece um grande absurdo.
   Os alunos que me entregaram a  redação receberão a avaliação amanhã. 
·   Conjunções subordinativas
Os alunos estavam desapontados porque nos esperavam para a festa e não pudemos comparecer.
   Embora me informassem seu paradeiro, não sosseguei um só minuto.
   Ainda que o admire muito como pessoa, não votarei nele para deputado.
·   Nas frases interrogativas, exclamativas e optativas
   Quem nos chamou?
   Deus lhe pague!
  Quanto nos custou tal procedimento!

Uso da Ênclise
A ênclise é obrigatória nos seguintes casos:
·   Verbo iniciando a oração
    Entregaram-me as mercadorias erradas.
    Trouxeram-nos apenas ontem as encomendas.
    Faça-me o favor de não chegar atrasado para a reunião!
·   Verbo no imperativo afirmativo
   Meninos, comportem-se direito na casa de estranhos!
   Eduardo, traga-me imediatamente os documentos que lhe pedi!
·   Verbo no gerúndio
   Os convidados chegaram antes da hora, criando-lhes um enorme problema.

Uso da Mesóclise
Recomenda-se o uso da mesóclise sempre que o verbo estiver no futuro do presente ou no futuro do pretérito e não vier precedido por uma das palavras que atraem o pronome átono.
Ex: Trar-lhe-ei hoje mesmo os romances policiais que prometi.
       Convidar-me-ão para a festa.
Mas:
      Infelizmente, não lhe trarei os romances policiais que prometi.
      Não me convidarão para a festa.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Sintaxe: exercício


1. Observe:
I. Viajaremos para a região nordeste.
II. Faz dias que não vejo meu irmão.
III. Pediram silêncio na sala.
IV. Havia muitos alunos no desfile.
V. Precisa-se de marceneiros com prática.

-Temos oração sem sujeito  em:
a) I e II
b) III e V
c) II e IV
d) III e IV
e) IV e V

2. Nas orações a seguir somente UMA apresenta sujeito indeterminado:
a) Há a marca da vida nas pessoas.
b) Não se necessita de lavadeiras.
c) Vai um sujeito pela rua.
d) Gosto de ler Machado de Assis.
e) Trovejou e ventou bastante na cidade.

3. Use (PV) para predicado verbal, (PN) para predicado nominal e (PVN) para predicado verbo-nominal:
a) Os alunos festejaram a chegada das férias. (       )
b) Os jogadores venceram animados a partida. (       )
c) O Rio de Janeiro continua lindo. (          )
d) O poeta chegou  à escola hoje. (         )
e) O poeta chegou entusiasmado. (       )
f) O poeta está entusiasmado.

4. Observe as orações:
A. Aquelas garotas compraram lindos sapatos.
B. Os torcedores do Remo ficaram insatisfeitos com o time.
C. O vestido sumiu do armário.
D. Aquelas crianças precisam de sapatos.
E. As crianças pediram aos pais brinquedos novos.

-Temos verbo intransitivo apenas em:
a) B                           b) A                             c) E                               d) C                                 e) D   

5. Escreva (PS) para predicativo do sujeito e (PO) para predicativo do objeto:
a) Considerei a prova fácil. (       )
b) Chamei-lhe estúpido. (        )
c) O professor entrou na sala preocupado. (       )
d) O juiz declarou o réu culpado. (         )
e) O sol nasceu resplandecente. (       )

6. Classifique os termos destacados em: objeto direto, objeto indireto, predicativo do sujeito, predicativo do objeto:
a) A senhora recebeu seus amigos em casa.
b) A lua está brilhante.
c) As vítimas da enchente precisam de ajuda do governo.
d) Ela o chamou de gorda.
e)A diretora organizou o desfile escolar.  
f) Os médicos enviaram remédios     às vítimas do acidente.

7. Observe as orações:
I. Os jogadores da seleção fizeram uma bela partida.
II. Tenho certeza de nossa vitória.
III. O mendigo pediu uma moeda de prata.
IV. O material da escola foi esquecido na sala.
V. A chuva de granizo prejudicou a plantação.
VI. A cidade de Belém fica cheia de turistas no mês de outubro.

-Temos complemento nominal em:
a) I – III – IV
b) II – V -  VI
c) II – III – V
d) II – VI
e) II – III – VI

8. A expressão grifada é vocativo ou aposto?
a) João, o professor de Matemática, trabalha aqui.
b) João, traga seu caderno para correção.
c) Manuel Bandeira, importante poeta brasileiro, nasceu em Recife,
d)A juventude, meus amigos, é movida pela pressa e pela paixão.
e) Acontece, queridinha, que eu sou mais bonita e mais rica que você.

9. Grife nas orações o adjunto adverbial e diga que circunstância indica:
a) Talvez ela não vá à cidade a pé hoje.
b)Amanhã acontecerá um grande comício na praça da cidade.
c) Naquele dia, muitos torcedores ficaram irritados com o time.
d) Durante a noite, alguns animais foram levados da fazenda silenciosamente.
e) Rapidamente, todos entregaram a prova.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Exercício: Texto, contexto e intertexto


1. Os provérbios condensam ensinamentos ou lições de vida característicos da sabedoria popular de uma cultura, utilizando uma linguagem predominantemente conotativa. Leia os provérbios e explique o significado de cada um deles.
a) Quem semeia vento, colhe tempestade.

 b) Camarão que dorme, a onda leva.

 2. Leia o anúncio abaixo:
CRUZEIRO – procuram-se casais para um cruzeiro de 40 dias e 40 noites. Ótima oportunidade para fazer novas amizades, compartilhar alegre vida de bordo e preservar a espécie. Trazer guarda-chuva. Tratar com ...
a) A compreensão do anúncio acima e do humor contido nele depende de conhecimentos prévios sobre os fatos aos quais se refere, ou seja, de seu contexto. A que fato o anúncio se refere?

b) Que elementos do anúncio indicam o contexto a que se refere o anúncio?

 3.Leia a propaganda abaixo, anunciando um carro europeu. Com base nessa peça publicitária, responda às questões propostas:

 a) É possível identificar, a partir do texto da propaganda, um pensamento claro sobre o motorista europeu. Explique que pensamento é esse.

 b) A enumeração de atitudes que não devem ser tomadas pelo motorista, porque “está num carro europeu”, sugere algumas atitudes sobre os motoristas brasileiros. Explique o que a propaganda afirma “nas entrelinhas” sobre os motoristas brasileiros..

 4. Observe atentamente a imagem abaixo:
-A propaganda foi veiculada para promover a conscientização dos leitores de diversas revistas sobre problemas na relação entre o ser humano e o ambiente, para isso vale-se do recurso da intertextualidade, ou seja, dialoga com outro texto muito conhecido para identificar um problema ambiental sério. Pergunta-se:
a) A que texto a propaganda refere-se?

 b) Que problema  ambiental muito sério é esse?

c) A que história a propaganda refere-se quando diz “Você não quer contar esta história para seus filhos, quer?” Explique sua resposta.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Ambiguidade


Ambiguidade é vício de linguagem pelo qual uma frase é construída, involuntariamente, com mais de uma interpretação.  Dizemos involuntariamente porque, em um texto literário, o autor pode deliberadamente possibilitar mais de uma leitura a determinada frase, o que deixa de ser vício. O vício de linguagem ocorre    da má colocação das palavras na frase e deve ser evitado, pois compromete sua interpretação.  Veja:
Exemplo: " (...) os corpos do casal B serão exumados pela segunda vez nesta semana." (Folha de S.Paulo) 
Comentário: os corpos serão exumados pela segunda vez desde que foi iniciado o inquérito ou os corpos serão exumados duas vezes numa mesma semana, "nesta semana"? (Unicamp)

Exemplo: "O presidente americano (...) produziu um espetáculo cinematográfico em novembro passado na Arábia Saudita, onde comeu um peru fantasiado de marine no mesmo bandejão em que era servido aos soldados americanos." (Veja, 09/01/91) 
Comentário: Às vezes, quando um trecho é ambíguo, é o conhecimento que o leitor tem dos fatos que lhe permite fazer uma interpretação adequada do que lê. Um bom exemplo é o trecho acima, no qual há duas ambiguidades  uma decorrente da ordem das palavras e a outra, de uma elipse do sujeito. Como: 
"... onde comeu peru fantasiado de marine ..."
"... no mesmo bandejão em que era servido ..."
 Pode-se entender que o peru estivesse fantasiado de marine (fuzileiro naval), e não o presidente. Por outro lado, é possível entender que o presidente estivesse sendo servido aos soldados no bandejão, e não o peru.
O leitor deve levar em conta o fato de que o peru não estaria fantasiado de marine, nem o presidente poderia ser servido aos soldados americanos em um bandejão.

Correção: O presidente americano, fantasiado de marine, produziu um espetáculo cinematográfico em novembro passado na Arábia Saudita, quando comeu peru no mesmo bandejão de que se serviam os soldados americanos.

O que provoca a ambiguidade?
  • Má colocação do Adjunto Adverbial
Ex: Crianças que recebem leite materno freqüentemente são mais sadias.
As crianças são mais sadias porque recebem leite freqüentemente ou são freqüentemente mais sadias porque recebem leite?
Eliminando a ambiguidade: Crianças que recebem freqüentemente leite materno são mais sadias.
                                             Crianças que recebem leite materno são freqüentemente mais sadias.
  • Uso Incorreto do Pronome Relativo
Ex: Gabriela pegou o estojo vazio da aliança de diamantes que estava sobre a cama.
O que estava sobre a cama: o estojo vazio ou a aliança de diamantes? 

Eliminando a ambiguidade: Gabriela pegou o estojo vazio da aliança de diamantes a qual estava sobre a cama.
                                       Gabriela pegou o estojo vazio da aliança de diamantes o qual estava sobre a cama.
Observação: Neste exemplo, pelo fato de os substantivos estojo e aliança pertencerem a gêneros diferentes, resolveu-se o problema substituindo os substantivos por o qual/a qual. Se pertencessem ao mesmo gênero, haveria necessidade de uma reestruturação diferente.
  • Má Colocação de Pronomes, Termos, Orações ou Frases
Ex: Aquela velha senhora encontrou o garotinho em seu quarto. 
O garotinho estava no quarto dele ou da senhora?
Eliminando a ambiguidade  Aquela velha senhora encontrou o garotinho no quarto dela.
                                             Aquela velha senhora encontrou o garotinho no quarto dele. 
  • Ambiguidade lexical: decorre de significados alternativos de uma palavra ou expressão.
Ex: O cadáver foi encontrado perto do banco.
Banco:assento, mocho  ou banco: instituição cuja atividade consiste em receber depósitos de dinheiro e efetuar empréstimos, entre outras transações?
  • Devido à posição de certos complementos ou adjuntos.
Ex: Exigi o livro de Pedro.
O livro pertence a Pedro ou o livro está com Pedro e eu necessito dele?

Atividades
-Descubra a ambiguidade nas frases abaixo. Se precisar de ajuda, entre em contato conosco:
1- O investigador aconselhou o advogado a ficar em casa durante o fim de semana.
2- A comissão que estava analisando o caso ontem deu seu parecer.
3- Saindo do tribunal, vimos muitas pessoas ilustres.
4- O jogador comemorou o aniversário do amigo na sua casa.